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Eletroquimioterapia
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      A eletroquimioterapia é um tipo de tratamento que pode ser definida pela potencialização da quimioterapia pela técnica da eletroporação da membrana citoplasmática por meio de pulsos elétricos. Com a técnica, os fármacos penetram mais facilmente para dentro da célula.

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Mecanismo de Ação

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      A bicamada lipídica da membrana celular está disposta de maneira ordenada, sendo que as cabeças polares dos fosfolípides estão justapostas lateralmente e voltadas para o meio aquoso (seja intra ou extracelular), enquanto as caudas lipídicas e apolares estão voltadas para as caudas de mesma natureza. Essa composição atua como uma barreira impermeável à penetração de moléculas exógenas para o citoplasma, principalmente as não-lipídicas. Apenas um pequeno número de compostos pode penetrar através de difusão simples ou por meio de transporte específico (com gasto de energia). A baixa permeabilidade a íons por difusão permite que se criem gradientes de concentração entre os meios exracelulares e o citosol, armazenando potencial elétrico. Também proporciona baixa condutibilidade elétrica e podendo armazenar diferenças de potenciais elétricos, ocorrendo movimento de íons ao longo dos campos elétricos (quando polarizados) provocando quebra do equilíbrio eletrogênico das células.

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      Com a aplicação dos pulsos elétricos, ocorre a migração de íons e moléculas polares entre o cátodo e o ânodo, havendo a penetração de moléculas de água entre as caudas lipídicas dos fosfolipídios criando um pré-poro, ainda hidrofóbico. Com a persistência dos pulsos elétricos parametrizados, ocorre rearranjo das cabeças polares contra o interior da própria membrana citoplasmática, gerando um poro hidrofílico denominado eletroporação.

     

      A entrada de pequenas moléculas hidrofóbicas ocorre basicamente por difusão após a formação dos poros. Na fase de selamento lento ocorre o carregamento passivo que permite o aumento rápido de fármacos que não apresentam transporte transmembrana eficiente, como por exemplo a bleomicina e a cisplatina, que são os quimioterápicos mais comumente associados à técnica. A morte celular ocorrerá por indução de dano ao DNA causado pelo quimioterápico com consequente apoptose.

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      Além de aumentar a permeabilidade das moléculas exógenas, a eletroporação também modifica o fluxo sanguíneo nos tecidos normais e tumorais. Ocorre vasoconstrição temporária proporcionando represamento sanguíneo local e aumento do tempo em que as células tumorais ficam expostas ao quimioterápico, prevenindo também o sangramento nos tecidos.

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Indicação

 

      A técnica pode ser empregada como forma de tratamento único, como terapia adjuvante, ou ainda como tratamento neoadjuvante. As regiões anatômicas com mínima possibilidade de margem cirúrgica adequada para excisão tumoral como pálpebras, narinas, orelhas, lábios, cavidade oral, vulva, períneo e membros são particularmente beneficiadas.

 

      O emprego da técnica na rotina da medicina veterinária oncológica é mais relatado em tumores cutâneos, principalmente nos casos de carcinomas de células escamosas em felinos, mas também em adenomas e carcinomas perianais em cães e em melanomas de cavidade oral em cães. Mas atualmente encontramos relatos na literatura até em tumores intratorácicos e em tumores vesicais.

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      Descrições do uso da eletroquimioterapia em cães e gatos:

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  • Carcinoma mamário

  • Mastocitoma

  • Hemangioma

  • Hemangiossarcoma

  • Carcinoma de células escamosas

  • Carcinoma basocelular

  • Adenoma e adenocarcinoma perianais

  • Ganglioneuroblastoma

  • Linfoma cutâneo

  • Fibrossarcoma

  • Hemangiopericitoma

  • Epulis acantomatoso

  • Lipossarcoma

  • Neurofibrossarcoma

  • Tricoepitelioma

  • Melanoma

  • Melanocitoma

  • Plasmocitoma

  • Epitelioma

  • Rabdomiossarcoma

  • Tumor venéreo transmissível canino (TVT)

 

      A técnica também já foi descrita em sarcoide equino e em fibropapiloma em quelônios marinhos.

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Vantagens da técnica

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  • baixa ocorrência de efeitos adversos pela seletividade da técnica (pois haverá destruição das células tumorais que estão em divisão e preservação das células normais quiescentes);

  • técnica de ablação com mínima invasão tecidual;

  • pequeno número de aplicações;

  • baixo custo;

  • alta efetividade.

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Limitações da técnica

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  • necessidade de anestesia;

  • nódulos pequenos (tumores maiores que 3 cm podem demandar tempo maior que 28 minutos para completa eletroporação, que é o tempo máximo possível para administrar a técnica em uma sessão).

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Texto escrito por Simone Crestoni Fernandes

(06/07/2019)

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